quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A Cabana do Pai Tomás: quando o tiro saiu pela culatra



O Tiro saiu pela culatra. Podemos resumir com este clássico ditado, o nefasto resultado obtido com a produção da telenovela “ A Cabana do Pai Tomás”, pela Rede Globo no ano de 1969. A Ideia era produzir um grande épico anti – escravagista, baseado diretamente na obra homônima da escritora norte – americana Harriet Stowie, entretanto, o que se observou foi justamente a ocorrência de um nefasto mecanismo de preconceito na construção da narrativa: o famigerado blackface.
Acontece que, ao procurar descrever as intensas lutas entre latifundiários e escravos americanos no contexto da Guerra da Secessão, a Rede Globo “optou” por se utiliza do dito blackface como um suposto instrumento artístico. Em linhas diretas, convidou um ator branco para interpretar a personagem negra em questão.
O ator convidado foi Sergio Cardoso, um dos grandes atores da época, que teve a incumbência de, além de interpretar o escravo Pai Tomás, também interpretava o abolicionista Dimitrius, e o aclamado presidente americano Abraham Lincoln.
Logo de imediato, a mídia acabou “caindo em cima” da produção da novela, justamente porque o uso do blackface – a pintura de rosto – além de exprimir um preconceito, acabava por  renegar a oportunidade de conferir o papel a grandes atores negros da época, em destaque, Milton Gonçalves.
Desta maneira, o repúdio do público a novela foi enorme, fato que poderia ter sido evitado se a utilização deste mecanismo de preconceito não tivesse sido conjecturado. Como disse, o tiro saiu pela culatra.

Ass: Rafael Costa Prata
Graduado em História pela Universidade Federal de Sergipe

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