terça-feira, 7 de outubro de 2014

Alfred Hithcock e os "maus-tratos" de suas louras: Uma verdade ou apenas um mito cinematográfico?

Alfred Hithcock(1899-1980) foi certamente um dos maiores cineastas de todos os tempos. Suas películas de suspense, thriller, drama, etc, fizeram deste cineasta britânico, um exemplo a ser seguido no que tange a perfeição cinematográfica. Aliás, perfeição é uma palavra que remete realmente diretamente a sua figura, pois, Hithcock era, no uso de um termo chulo, aquele cineasta “chato”, disposto sempre a somente terminar o dia de filmagens, quando tudo havia corrido como imaginado em sua mente perfeccionista.
No afã desse seu perfeccionismo, tem quem defenda, hoje em dia, que o cineasta tenha sido bastante “carrasco” no trato dos artistas, principalmente, em relação as atrizes. Conta-se que, quando indagado em relação a esse aspecto, Hithcock teria justificado que “era preciso torturar as mulheres” para se conseguir a produção de uma boa trama.
Hoje em dia, uma série de estudiosos e biógrafos do cineasta tem discutido a veracidade desse suposto tratamento obsessivo e até perverso de Hithcock em relação as suas “louras”, as protagonistas de boa parte de suas películas. Alguns tem defendido veementemente esse “modus operandi” de Hithcock, e outros tem matizado tal questão, postulando que se criou um mito cinematográfico exagerado em torno disso.

Nunca saberemos ao certo, mas o fato inegável é que Hithcock nutria uma espécie de predileção (obsessão?) por atrizes louras, sempre escolhidas como as protagonistas ideais para os seus mais diversos filmes. Durante os anos 1950-1960, e nos demais também, poderiamos listar uma série de grandes atrizes nesse rol; Ingrid Bergman, uma das maiores atrizes da história do Cinema, foi a preferida de Hithcock durante os anos 1940. Como protagonista, Ingrid participou das películas “Interlúdio” (1946), “Sob o Signo de Capricórnio” (1949) e “Quando fala o coração” (1949).
 Gracy Kelly, a futura Princesa de Mônaco, foi a preferida de Hithcock nos anos 1950. Trabalhou com ele em “Disque M para Matar”(1954), Janela Indiscreta(1954) e Ladrão de Casaca(1955), até que, para grande desgosto de Hithcock, a atriz abandona o Cinema para se casar com Rainier III, o príncipe de Mônaco.

Gracy Kelly e Hithcock

Kim Novak, que participou da película “Um corpo que cai” (1958) teria sido uma das “louras” que mais sofreram nas mãos do machismo de Hithcock. Nas gravações da película, Hithcock supostamente não abria espaços para a conversa com a atriz, outorgando sua vestimenta, a repetição cansativa de inúmeros takes,e etc. Outra loura imortalizada por uma participação em película de Hithcock foi Tippi Hedren, que ao protagonizar o clássico “Os Passaros” (1963) também teria sido vitima dos “excentrismos” do cineasta. Conta-se que, o cineasta, para que a atriz pudesse “assimilar” o horror e o sentido do filme, teria trancado-a em um quarto com uma grande quantidade de pássaros, sem espaço algum para a fuga. E por fim, outra das louras hithcockianas foi Janet Leigh, a qual protagonizou a clássica cena do chuveiro em “Psicose”(1960).


Tippi Hedren, a "loura" dos pássaros de Hithcock

Os estudiosos de Cinema e os biógrafos de Hithcock tem ainda divergido acerca da realidade dessa questão. Algumas dessas atrizes citadas, como a própria Kim Novak, ainda viva, tem confirmado esse “lado” de Hithcock. Ao que parece, o “mestre do suspense”, caso tal questão tenha sido mesmo verdadeira, agia com um forte machismo, e alguns biógrafos, tem apontado que tal postura seria fruto de uma espécie de amor e ódio que o cineasta nutria por suas protagonistas, resultado da impossibilidade de, no plano prático, possuí-las.
Hithcock era casado com Alma Reville, com a qual permaneceu durante toda a sua vida, tendo sido esta uma figura importantíssima durante toda a sua carreira cinematográfica. Recentemente a película “Hithcock”(2012), na qual Anthony Hopkins e Hellen Mirren interpretam ao casal, o cineasta Sasha Gervasi discute sobre essa suposta natureza machista de Hithcock em relação as suas louras, dentre outras questões.
Tal polêmica ainda se encontra em aberto, e dificilmente se chegará a um consenso, se há uma verdade crua e indesejável do mestre do suspense, ou um mito cinematográfico por demais reproduzido.

Att. Rafael Prata
Mestrando em História pela Universidade Federal de Sergipe

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