sábado, 30 de maio de 2015

Uma ode aos anos 1980/1990: que saudade daqueles “bons tempos” das locadoras de VHS

      
    É bastante provável que eu seja criticado por conta do teor desta postagem. Alguns leitores certamente me considerarão um nostálgico em excesso, enquanto que outros poderão até me taxar de hipócrita. Pode ser até que eu realmente seja um nostálgico inveterado, hipócrita seguramente não sou. Ditas estas palavras, caro leitor, tratarei agora daqueles “bons tempos de locadora”.
Para que vocês possam compreender com exatidão o que denomino “bons tempos”, peço-lhes que ao menos momentaneamente ignorem, por mais difícil que isto seja, todo o incomensurável quadro de inovações que se tem observado frente aos aspectos áudio-visuais dos filmes atuais e sobretudo da  louvada “logística” que cada vez mais nos cerca e nos permite um acesso cada vez maior a estas produções. Esqueçam tudo isso em favor da subjetividade.
Dito de outra maneira, é preciso que você leitor ignore momentaneamente a enorme facilidade com que nos deparamos hoje em dia para ter o acesso aos filmes, seriados, e etc, tudo isso na ponta dos nossos dedos através do computador ou no sofá de casa diante do netflix.
Tudo isso é muito bom, eu sei, mas eu quero evocar aqui uma outra época. Naqueles “bons tempos” certamente não existia toda esta comodidade e muito menos a capacidade de acesso a uma incontável quantidade de películas oriundas de todas as partes do mundo. Naquele tempo,  os anos 1980/1990, dependíamos do estoque manjado e repetido de filmes disponibilizados por aquela locadora situada em nosso bairro. É claro que vez ou outra chegavam alguns lançamentos, porém, para termos acesso demorava-se uma eternidade, uma vez que a procura por essas “joias” era sempre grande.
Pouquíssimos e repetidos filmes, era o que contávamos. Talvez a disponibilidade pudesse ser acrescida quando aquele ousado primo se registrava em locadoras de algum outro bairro. Aí certamente era dia de festa pois nos veriamos possivelmente diante de um outro acervo de películas. Foi o caso do meu irmão, Marcelo, que no afã de conseguir o acesso aos filmes dos “Trapalhões” que não constavam na locadora do nosso bairro, acabou por se registrar numa outra locadora, fora do bairro, por saber que lá se encontravam aquelas “raríssimas” fitas da trupe do Didi. Não me lembro se ele retornou a locadora para alugar outros filmes. Creio que não. Foi coisa de fã mesmo. Os trapalhões, bastava ter o acesso a esse conteúdo. Recordo-me também de quando passava os fins de semana na casa do meu primo Thiago para então alugarmos as VHSs da locadora de seu bairro.
De qualquer forma, naqueles “bons tempos” era costume a gurizada se reunir nos finais de semana para locar e assistir os ditos filmes de sempre. Era dia de assistir ao mesmo episódio de Changeman e ao mesmo VHS de “O Retorno dos Mortos-Vivos” pela centésima vez, sempre como se fosse a primeira. Na outra semana, o esquema se repetia, talvez alterando-se apenas os filmes escolhidos, os quais certamente já haviam sido assistidos em demasia anteriormente. Ah, parabéns Dona Acácia (minha mãe)! A senhora chegou a ganhar um grande prêmio (uma caixa de chocolate) por ter sido a pessoa que mais alugou VHSs em um ano! Que vício hein! 
Saudades da senhora, dona Helena! Como será que a senhora está? Bons tempos de quando a Senhora era dona da Telecom!
Nesses tempos era tudo muito limitado mesmo. Hoje nós temos o acesso ilimitado a tudo aquilo que desejamos assistir. Um click, um download feito: filme. avi. Claro que hoje em dia é tudo muito melhor! Provavelmente em um mês consigo assistir a mesma quantidade de filmes que assistia em 1 ano naquela época. Filmes da Dinamarca, da África do Sul, do Canadá, enfim, de qualquer parte do globo. Naquela época, sem chances!
Naqueles tempos a gurizada construía a sua própria locadora de VHS. Meu irmão Marcelo tinha a dele. O armário repleto de fitas enfileiradinhas e devidamente numeradas. Lembro-me até hoje que a fita de número 079 era a do filme “A Volta dos Mortos Vivos” (1985), um dos filmes preferidos da minha infância. Marcelinho ficava atento a televisão. Chamada do Intercine. Aliás, saudades de você também Intercine! Se o filme fosse do agrado, dava REC no velho videocassete e gravava o filme. Acho que ele chegou a ter umas 100 fitas. Não sei se exagero. Tinha até uma agenda organizadora, explicando quais filmes se encontravam gravados em cada uma daquelas fitas. Marcelinho devia ter lá pelos seus 13 a 15 anos quando era viciado em gravar VHS. Eu só assistia.
Mas ai o tempo passou. A tecnologia dos DVDs chegou e as locadoras conseguiram resistir só por mais um tempinho. O que será que a senhora faz da vida agora, dona Helena?! E os funcionários daquela época?! 
Toda vez que passo em frente ao que foi o estabelecimento da Senhora, me ocorre um misto de tristeza com alegria. Que flashback! Será que ainda tem as VHS dos Changeman lá dentro?! 
É, eu admito. Sou um nostálgico inveterado. Sim, hoje os tempos são melhores. Seria hipócrisia negá-lo...
... Mas que saudade eu tenho de Dona Helena!

Ass. Rafael Prata
Mestrando em História na Universidade Federal de Sergipe

4 comentários:

  1. Pois eh rafa. Existem situações que guardamos com tamanho carinho na memória que encontramos dificuldade em aceitar que já não existem e que as futuras gerações não terão as mesmas experiências. Mas a vida sempre trata de reproduzir novas emoções e experiências. Há o lado positivo e negativo para toda mudança até mesmo para uma melhoria no acesso à cultura podemos encontrar essa face obscura. Bom texto. Uma coisinha: tem a palavra acerco, creio q era p sair acervo, conserte aí. Abracos

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  2. Belo texto Rafael. Era eu lendo e relembrando aquela época de muitos filmes locados. Gostei...parabéns!

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  3. Saudações, Rafael. Com muito gosto, apreciei seu texto que me fez lembrar de momentos significativos de minha infância. Lembro-me dos dias de quarta feira, quando a locadora do bairro fazia uma promoção: acima de 4 filmes cada um sai por R$ 0,50. O meu recorde foram 10 locações. Que saudade daquela época!!!

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  4. Saudações, Rafael. Com muito gosto, apreciei seu texto que me fez lembrar de momentos significativos de minha infância. Lembro-me dos dias de quarta feira, quando a locadora do bairro fazia uma promoção: acima de 4 filmes cada um sai por R$ 0,50. O meu recorde foram 10 locações. Que saudade daquela época!!!

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